Pablo Neruda, homem de influência, respeitado pela sociedade por seu grande conhecimento na arte da poesia.
Mario, carteiro, filho de pescador, habitante de uma pequena ilha da Itália.
Quando essas duas diferentes realidades se encontram, surge uma singela amizade. No entanto, mais do que uma bela e sensível história de amizade, O carteiro e o poeta (1994) aborda aspectos facilmente conectos ao tema “senso comum e ciência”.
De um lado a figura do poeta, representando o status da ciência. É possível notar o grande reconhecimento que o poeta tem por deter um conhecimento restrito a alguns. Por exemplo, o chefe do correio sempre se refere a ele como alguém mais importante, no qual não pode ser incomodado por 'pessoas comuns' como Mario. Já figurando o campo do senso comum está Mario, o simples carteiro, alguém acostumado a reproduzir idéias alheias, sem entender a origem delas. Isso fica evidenciado quando passa a acreditar no que ouve no noticiário sobre Pablo, de que este é amado pelas mulheres por causa de sua poesia.
Dada essa lembrança, não se pode deixar de registrar a enorme influência que a mídia, como um todo, tem no engessamento de pensamentos e consequentemente, na supervalorização do senso comum. A televisão, por si só, pressupõe em sua natureza um modelo de telespectador passivo.
Outro ponto fundamental do filme, seguindo a mesma linha de Rubem Alves, é o estabelecimento de uma linha tênue entre ciência e senso comum. Fica clara em determinadas cenas, como a que Pablo e Mario estão sentados na praia, a forma como a ciência (metáfora) também parte do senso comum (situações diversas cotidianas).
Dessa forma, de maneira sutil o filme passa a mensagem de que todos podem se tornar “cientistas”, capazes de pensar o mundo, a partir da reflexão da sua própria prática diária, basta a motivação correta. No entanto, o primeiro passo é desmistificar conceitos socialmente construídos que giram em torno do que vem a ser ciência e senso comum.
Patrícia Furtado
quinta-feira, 26 de abril de 2007
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